5 de jan. de 2004

FALSÍSSIMO VERÍSSIMO


“Uma característica impressionante dos debates intelectuais brasileiros é que, de uma forma geral, nenhum dos debatedores parece ter qualquer interesse em se referir a coisas reais, ou a aceitar provas concretas e factuais. Sempre predomina a imaginação. Daí, quando apresentamos certos fatos, ouvirmos argumentos como "isso não é possível".

Álvaro Velloso de Carvalho em Os "debates" no Brasil (www.oindividuo.com)


Lembro-me dos tempos do colégio em que me divertia lendo Comédia da Vida Privada e O Analista de Bagé do Luiz Fernando Veríssimo. Hoje em dia, todavia, ler Veríssimo não é o mesmo prazer de antes, pelo contrário, é um verdadeiro desprazer. L. F. Veríssimo se tornou um perfeito agente gramsciano* e por isso seus textos não passam de um embuste. O fato é que ele tem se preocupado em escrever sobre temas em que ele não tem menor conhecimento, apenas paixão, o que acaba resultando seus escritos em verdadeiras asneiras. Veríssimo não entende nada de economia e tão pouco de política, apesar do espaço que já há algum tempo dá a esses assuntos em suas colunas de jornais. Hoje desejo comentar o que se passa na cabeça dos escritores da mídia, pegando como exemplo este autêntico charlatão, que não obstante, cultiva uma grande massa de admiradores.

A última, ou melhor, a mais recente, por que muitas outras virão, foi esta: "E para garantir que a reconstrução do país [Iraque] comece sem qualquer 'herança maldita' parecida com a deixada por vinte anos de liberalismo econômico na América Latina, (grifo meu) um enviado americano esteve percorrendo o mundo pedindo aos credores do Iraque que perdoem as suas dívidas. O que nos leva a pensar que, se em vez de nos submetermos, de Zélia a Palocci, ao receituário econômico de Washington, cujo custo em vidas humanas e desolação foi equivalente ao de anos de batalhas, tivéssemos estado em guerra aberta com os Estados Unidos, poderíamos hoje esperar um socorro parecido". (O Globo, 25/12/2003)

Vinte anos de liberalismo na América Latina? O que o sujeito entende por liberalismo, afinal? Definitivamente, L. F. Veríssimo é caso para camisa de força. Apesar de já ter lido alguns dos maiores autores liberais, em nenhum livro pude encontrar alguma referência ao método usado pela Zélia Cardoso para combater a inflação. Tampouco o método de trocar emissão de moeda por uma carga tributária escorchante para financiar o Estado, como fizeram FHC e Malan ao longo de oito anos de tucanato. Bem, mas isso certamente é liberalismo segundo as palavras do ilustríssimo mestre Luiz Fernando Veríssimo!

Por outro lado, é importante destacar que, a verdadeira “herança maldita” desde país passa ao largo de ser qualquer liberalismo que seja, mas sim, é devido ao histórico e indevido intervencionismo estatal; e estatismo econômico, nada tem a ver com qualquer corrente do liberalismo que se imagine, salvo de desvairados engajados na “causa”, como o social-caviar Luiz Fernando Veríssimo, o Falsíssimo.

*Quem desejar saber sobre o controle do aparelho ideológico-social pelos socialistas, doutrina de Antonio Gramsci, basta solicitar por e-mail.

26/12/2003

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